quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Semana de Arte Moderna

Realizada no Teatro Municipal de São Paulo entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, a Semana de Arte Moderna foi um divisor de águas na cultura nacional.


Semana de Arte Moderna 
Capa do programa da Semana de Arte Moderna de 1922, autoria de Di Cavalcanti
Para compreender uma das escolas literárias mais inovadoras e importantes da história da literatura brasileira – o Modernismo –, é preciso antes compreender o contexto histórico, social e cultural da época. Apesar das primeiras manifestações modernistas terem surgido em São Paulo na década de 1910, foi apenas a partir de 1922 que o movimento ganhou visibilidade fora da capital paulista, alcançando outras partes do país. A ampla divulgação dos ideais modernistas deveu-se, principalmente, à Semana de Arte Moderna.
Realizada entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna contou com a participação de vários artistas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Considerado por muitos estudiosos da literatura como um divisor de águas na cultura brasileira, o evento provocou grandes e profundas transformações nas artes de nosso país – que, a partir daquele momento, romperiam definitivamente com a cultura europeizante ao propor o abrasileiramento nas artes plásticas, na música e na literatura. Começava uma busca incessante pela construção de uma identidade genuinamente nacional, distante dos moldes europeus que pouco representavam o povo brasileiro.
Na fotografia, entre outros modernistas, Mário de Andrade e Guilherme de Almeida
Na fotografia, entre outros modernistas, Mário de Andrade e Guilherme de Almeida
O evento foi aberto ao público, que durante toda a semana pôde visitar o saguão do teatro e conferir uma exposição de artes plásticas com obras de Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita, Di Cavalcanti, Harberg, Brecheret, Ferrignac e Antonio Moya. Além da exposição, foram realizados saraus com apresentação de conferências, leitura de poemas, dança e música, participação dos escritores Graça Aranha, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho, com execução de músicas de Ernâni Braga e Villa-Lobos. Entre os organizadores da Semana, estavam Mário e Oswald de Andrade, que, posteriormente, ao lado de Manuel Bandeira (que não participou do evento), formaram a célebre tríade modernista. Eles foram considerados como os principais representantes e divulgadores do Modernismo no Brasil. Graças a eles, a estética modernista ganhou adesão de outros importantes escritores, conseguindo, assim, solidificar-se e influenciar as gerações vindouras.
Mário de Andrade (sentado), Anita Malfatti (sentada, ao centro) e Zina Aita (à esquerda de Anita)
Mário de Andrade (sentado), Anita Malfatti (sentada, ao centro) e Zina Aita (à esquerda de Anita)
Como toda inovação, sobretudo quando essa está inserida em um contexto ultraconservador, oModernismo não foi bem recebido pela crítica, que à época respaldava o Parnasianismo, escola literária que pregava o retorno aos ideais clássicos e, assim, alcançava prestígio também entre os leitores (sobretudo entre as elites). A Semana de Arte Moderna não teve grande repercussão, tampouco recebeu a devida atenção dos jornais da época, que se limitaram a dedicar poucas colunas em suas páginas sobre o evento. Entretanto, aos poucos a Semana foi ganhando uma enorme importância histórica, uma vez que reuniu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922 várias tendências de renovação, cujo principal objetivo, embora não houvesse um projeto artístico em comum que as unisse, era o de combater a arte tradicional.
Conforme dito por Mário de Andrade em uma conferência realizada em 1942 por ocasião dos vinte anos da Semana de Arte Moderna de 1922, “o Modernismo, no Brasil, foi uma ruptura, foi um abandono de princípios e de técnicas consequentes, foi uma revolta contra o que era a Inteligência nacional”. Os reflexos da Semana foram sentidos em todo o decorrer dos anos 1920, romperam a década de 1930, influenciaram toda a literatura produzida no Brasil durante o século XX e alcançaram a literatura contemporânea. De certa forma, tudo que é feito no país hoje, seja na literatura, seja nas artes plásticas, está indelevelmente relacionado com o Modernism

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