Julião Pereira, 31 anos, comprovou a descoberta na sua tese de doutoramento que está a realizar na Universidade Federal de Goiás.
Segundo os resultados da investigação, as borras de café passam por um tratamento que permite a extração de um produto identificado como "torta de café" que é um filtro muito mais eficaz do que o carvão ativado.
"Eu sofri muito a beber água imprópria e sabia que esse era um problema grave no meu país. Conversando com os professores, eu disse que queria uma maneira de tratar a água, já que lá não existe tratamento como o que é feito por aqui. Pensamos que precisávamos de algum recurso simples e destaquei que lá existem muitas plantações de café e os estudos concentraram-se nisso", lembra.
"Criamos algo que é muito mais barato, eficiente a partir de algo que iria para o lixo", disse o professor Nelson Roberto que auxiliou o estudante nesta descoberta.
Para adaptar o sistema à realidade timorense - onde a falta de água potável continua a ser um dos maiores riscos para a saúde pública - o investigador começou por secar as borras do café ao sol.
Com a borra de café seca, o material é submetido a três processos de extração, primeiro para retirar 15% de óleo de café, que pode ser usado na indústria alimentícia, de biocombustíveis ou de cosméticos.
Na segunda etapa, é extraído o aroma do café, que também pode ser reaproveitado na indústria alimentícia e de bebidas e, finalmente, na terceira fase é extraído um fertilizante, que pode ser utilizado na própria cafeicultura.
O produto final é a "torta de café" um produto sem cheiro ou sabor e que filtra a água com eficiência.
O processo demora 24 horas e o filtro pode ser construído de uma forma simples com tecido de algodão e uma garrafa de plástico e durar até um ano.