terça-feira, 28 de abril de 2015

Bill Gates financia projeto que transforma fezes humanas em água potável e energia

Usina de tratamento é capaz de produzir diariamente 86 mil litros de água e 250 kW de eletricidade
aguaEm novembro, Bill Gates resolveu conhecer de perto um dos projetos de saneamento básico que sua fundação está financiando: ele não apenas acompanhou o funcionamento do Omniprocessor, uma engenhosa usina de tratamento que transforma esgoto em água potável e eletricidade. Para provar a eficácia do processo, o fundador da Microsoft também bebeu um copo de água totalmente pura, extraída do que (cinco minutos antes) não passava de fezes.
O processador desenvolvido pela empresa Janicki Bioenergy é promissor principalmente para países pobres, que não têm condições de financiar vastas tubulações de esgoto. Nestes casos, o sistema de saneamento que conhecemos é totalmente inviável, e os dejetos normalmente são despejados em rios ou no mar, provocando uma série de doenças. Segundo o blog de Gates, ao menos dois bilhões de pessoas vivem nesta situação, que provoca todos os anos a morte de 700 mil crianças.
Muito do potencial de aplicação prática da estação de tratamento se deve ao fato de ela ser totalmente autossuficiente em energia – além de gerar toda a eletricidade de que precisa para operar, o protótipo mais avançado da usina ainda pode devolver para a rede pública cerca de 250 kW diariamente. Com as fezes de 100 mil pessoas, é possível criar 86 mil litros de água todos os dias. "Isso vai se espalhar para todos os cantos da Terra que precisem porque gera dinheiro todos os dias", diz no vídeo de apresentação o CEO Peter Janicki, engenheiro que idealizou o projeto.
O funcionamento é simples: uma esteira leva os dejetos para dentro da máquina, e em um primeiro momento eles passam por um processo de fervura. O vapor resultante é purificado até resultar em uma água completamente potável, e o esgoto sólido é queimado a 1000 graus Celsius, emitindo um vapor de alta pressão e temperatura. Ao passar por um gerador, o gás produz eletricidade. O único subproduto do Omniprocessor é um punhado de cinzas.
Um projeto piloto deve ser implantado em Dakar, no Senegal, ainda este ano. Gates acredita que a iniciativa seja muito atraente para investidores e perfeita para países como a Índia, por exemplo. “Estou empolgado com o modelo de negócios. O processador não apenas mantém os dejetos humanos fora da água potável; ele transforma o esgoto em uma commodity com valor real de mercado”, escreveu o filantropo em seu blog. “É o melhor exemplo para aquela velha expressão: o lixo de um homem é o tesouro de outro”.



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